Marcos Caracho apresenta boas práticas sustentáveis na CASACOR SP
Madeira de reflorestamento, iluminação natural, preservação do patrimônio histórico, descubra essas e outras soluções usadas pelo arquiteto Marcos Caracho
A preocupação com o meio ambiente foi uma das prioridades do Bar do Jardim, criado pelo arquiteto Marcos Caracho na CASACOR São Paulo 2017. O projeto investiu em soluções inteligentes e conseguiu criar um espaço plástico e funcional, com uma atmosfera rica em rigor geométrico e materiais com inspiração industrial.
O ambiente ficava localizado em uma zona de ligação entre dois pavilhões do Jockey Club, como a construção é tombada pelo patrimônio histórico desde 2010, Caracho teve que preservar as estruturas originais da instalação, ao mesmo tempo em que propunha um novo olhar para a arquitetura do local. “O ponto de partida foi trabalhar a partir do já existente”, conta o profissional.
Para evitar perfurações e danos aos revestimentos antigos, o arquiteto cobriu essas estruturas com chapas de aço e madeira de reflorestamento. “Por se tratar de um móvel tombado, a ideia foi criar um sistema no qual nós não tivéssemos que fazer nenhum furo, o objetivo era fazer uma estrutura totalmente solta”, explica.
Caracho usou sistemas auxiliares para fixar as chapas metálicas e diminuir o pé direito em algumas áreas de permanência. Nas regiões em que a altura original do edifício foi mantida, cortinas de corda foram usadas como fechamento interno, proporcionando assim um interessante jogo de luz e sombra. A economia de energia foi garantida pela iluminação natural, alcançada pelo fechamento em vidro usado na lateral do projeto, a filtragem da intensidade da luz era controlada por persianas.
A partir de um sistema de vigotas, a rampa de mosaico português foi planificada e coberta pelo piso elevado em madeira de reflorestamento. O recurso criou uma diferença de nível no pavimento que permitiu a divisão do ambiente em três partes. A zona mais elevada foi destinada para as áreas funcionais, como o bar e a cozinha, a intermediária recebeu o lounge e a última foi transformada em um espaço mais reservado.
O uso consciente dos materiais, como a madeira de reflorestamento com certificação e os vernizes e finalizados à base d’água, foi um dos destaques do projeto. Assim como a opção por acabamentos naturais, usados no assoalho, nas chapas, no brise e nas bases de concreto aparente. As escolhas foram pensadas para se enquadrar na proposta tecnológica do espaço e facilitar o desmonte e o reaproveitamento após o término da mostra.
A proposta funcionou. “Tudo isso foi desmontado facilmente, sem muito entulho ou transtorno. Todo esse material já está sendo reutilizado, então a ideia deu certo”, afirma Caracho. Metade das chapas de aço já foram reutilizadas, a colmeia de alumínio, que ficava na parte externa, já foi comercializada e será aplicada em outro projeto, e o material em madeira do piso também será realocado em outro trabalho do arquiteto.
Para o profissional, o segredo para construir trabalhos sustentáveis é conhecer cada aspecto da obra. Descobrir a origem dos materiais que serão usados, acompanhar o transporte deles, pensar em tecnologias que ajudem na questão do entulho e descarte, são boas práticas que ajudam a criar projetos que contribuem positivamente para o meio ambiente.