Fruto de uma pesquisa que teve seu início em 2013, o novo livro dedicado ao legado de Lina Bo Bardi no mundo do design, “Lina Bo Bardi Designer, O Mobiliário dos Tempos Pioneiros 1947-1958”, que será lançado no próximo dia 10, preenche uma importante lacuna na obra da multifacetada arquiteta.
Com o apoio do Instituto Bardi, o curador e galerista Sergio Campos mostra, no primeiro volume de 356 páginas, a riqueza e o pioneirismo conceitual da produção de design de mobiliário de Lina Bo Bardi, que desde sua primeira criação, a cadeira do MASP 7 de Abril, que influenciou decididamente a primeira geração de designers modernos, como Sergio Rodrigues.
Desenhada em 1947 para ser usada em um pequeno auditório da primeira sede do Museu de Arte de São Paulo, que ela ajudou a fundar, juntamente com seu marido Pietro Maria Bardi e Assis Chateaubriand, a cadeira “MASP 7 de Abril” traz elementos da nossa cultura popular, como o assento em couro de sola selvagem costurada com barbante, à moda das vestimentas dos povos do sertão, dobrável e empilháveis, assim como as populares cadeiras dos circos itinerantes.
Em plena era atômica, Lina Bo Bardi utilizou materiais vernaculares e totalmente inusitados na concepção de muitos dos seus móveis, como sola de couro selvagem, cordas náuticas, conduítes elétricos, cunhas de carro de boi, compensado de pinho, entre outros. O livro procura mostrar como esta leitura e atitude reverberaram entre os designers contemporâneos, como os geniais Irmãos Campana.
O segundo volume do livro, a ser lançado em 2023, tratará do mobiliário que Lina Bo Bardi criou para sua Casa de Vidro na década de 1950. A internacionalmente famosa Bowl Chair, também chamada por Lina como “Tijela”, bem como os móveis que desenvolveu no período em que viveu na Bahia e aqueles especialmente desenhados para o Sesc Pompeia.