50 anos do Orelhão: a icônica cabine telefônica assinada por Chu Ming
Com sua estrutura forte, leve e resistente, os Orelhões preenchem a paisagem urbana brasileira desde 1971
Assim como Londres nunca mais foi a mesma depois de suas emblemáticas cabines telefônicas vermelhas, as metrópoles brasileiras também tornaram as “orelhas grandes” a marca registrada de suas cidades.
Inovador, prático, colorido e urbano, o Orelhão faz parte das calçadas brasileiras há 50 anos. Essa icônica capota de telefone em formato de ovo foi idealizada pela arquiteta Chu Ming Silveira em 1971, que à época chefiava o departamento de projetos da Companhia Telefônica Brasileira (CTB). No projeto, Silveira buscava priorizar a acústica, o conforto, proteção e a privacidade do usuário dentro da cabine.
Embora o surgimento dos telefones celulares em 2010 tenha levado a um declínio no uso do Orelhão, os aparelhos ainda são incorporados ao cenário urbano do Brasil e de outros países da América Latina, além da África e da China.
Um telefone público resistente e de baixo custo
O conceito de Chu Ming Silveira surgiu como uma solução para os primeiros telefones públicos que se revelaram problemáticos, devido ao alto custo de construção e ao vandalismo frequente.
A arquiteta precisava projetar uma solução de baixo custo que fosse fácil de preservar e que também oferecesse proteção aos telefones e a seus usuários. Chu Ming inspirou-se na forma do ovo para propor uma estrutura forte, leve, resistente ao sol e à chuva, e com um bom desempenho acústico.
Isso porque a maior parte do ruído externo era refletido pela forma, enquanto que os sons produzidos internamente dirigiam-se para o centro do raio de curvatura, localizado logo abaixo do ouvido do usuário, minimizando a interferência na comunicação.
Tendo esses critérios em mente, a arquiteta escolheu o acrílico e a fibra de vidro como os principais materiais para formar uma cabine resistente.
Orelhinha, Orelhão e Concha
Apesar do Orelhão ter se tornado o formato mais popular, três desenhos foram idealizados pela arquiteta: o Orelhinha (para ambientes fechados), o Orelhão (para ambientes abertos) e a Concha (para ambientes semi-abertos).
Batizada formalmente de CHU I, em homenagem à arquiteta, mas popularmente conhecida como Orelhinha, a cabine de acrílico laranja de dimensão menor foi o primeiro modelo de Chu Ming. A partir deste modelo criou-se o Orelhão, formalmente nomeado de CHU II. Por serem mais robustos para suportar condições mais desfavoráveis, os Orelhões adaptam-se perfeitamente aos ambientes externos.
As Conchas, por outro lado, contavam com uma forma mais esférica e foram implantadas em postos de combustível, principalmente. Algumas delas foram até feitas para serem transparentes, a fim de expandir o espaço visualmente.
As Orelhinhas e as Conchas eram fixadas diretamente na parede, enquanto os Orelhões em postes, permitindo um arranjo com dois ou mais aparelhos com apenas uma estrutura vertical de apoio.