Artista japonês de destaque na cena contemporânea internacional, Tadashi Kawamata traz para São Paulo a instalação site specific intitulada Construção. A obra feita com mais de 180 mil hashis (pequenas varetas usadas pelos japoneses como talher) será a nova atração do centro cultural Japan House.
Reconhecido por realizar instalações de grandes dimensões, pelo mundo afora, com o uso de materiais pouco convencionais, Tadashi Kawamata procura levantar questões sobre as necessidades e os desejos humanos. Suas obras oferecem ao espectador um novo ponto de vista do espaço que ocupam. “Com essa massa simultaneamente densa e leve de hashis, criada especialmente para a Japan House, Kawamata altera a natureza desse objeto tão simples e corriqueiro, que usamos de forma mecânica, sem muita atenção. Ao tirá-lo de seu contexto, o artista desconcerta o público com essa intervenção artística e arquitetônica, que modifica o espaço em que está inserida.” resume Natasha Barzaghi Geenen, Diretora Cultural da Japan House.
Além da instalação, a mostra pretende ressaltar a versatilidade do trabalho do artista ao apresentar também uma série de fotos e vídeos com as principais intervenções realizadas ao longo de sua carreira.
Famoso pelo reaproveitamento dos mais variados tipos de materiais como fragmentos de madeira, pranchas, barris e cadeiras, ‘Construção’ foi concebida com hashis de refugo, ou seja, todas as peças utilizadas seriam descartadas por não atenderem às exigências de padrão de sua finalidade tradicional.
A montagem da obra Construção contou com a colaboração de dezenas de estudantes que participaram do Programa de Voluntariado da instituição, no qual jovens universitários de artes, arquitetura, design, entre outras áreas, tiveram a oportunidade de auxiliar na montagem da instalação, sob supervisão da equipe do artista. No total foram mais de 350 voluntários inscritos de diversas universidades da capital. “O envolvimento da comunidade estudantil neste projeto foi fundamental e reforça a importância dada aos diferentes tipos de intercâmbio cultural que promovemos na Japan House São Paulo”, relata Natasha. Este processo colaborativo segue a lógica que permeia o trabalho do artista em toda sua carreira.
Com apenas 28 anos, Kawamata foi convidado a representar o Japão na Bienal de Veneza de 1982 e, desde então, produziu intervenções artísticas internacionais em Paris, Berlim, Tóquio e Nova Iorque, incluindo duas edições da Documenta de Kassel, Alemanha. Esta exposição marca o retorno do artista à São Paulo, após mais de 30 anos de sua primeira e única exposição na cidade, em 1987, quando participou da 19ª Bienal Internacional de São Paulo, com a Nove de Julho Caçapava, uma intervenção ao ar livre na Avenida Nove de Julho.