Não basta ver, é preciso experimentar. Entre as novidades da Milan Design Week, que atraiu os olhares do mundo entre os dias 9 e 14 de abril, duas instalações chamaram a atenção pela proposta interativa e imersiva.
Seja na captura da pureza do movimento humano utilizando a luz, em Bodies in Motion, ou nos túneis atmosféricos que incorporaram os visitantes em Raytrace, elas mostram como o presente e o futuro da arquitetura e do design não abrem mão do que temos de mais humano, como as percepções e as sensações.
A gente mostra os detalhes de cada uma, a seguir.
Bodies in Motion
A empresa de design ergonômico Humanscale convidou o designer Todd Bracher, baseado em Nova York para produzir a instalação. Bracher, por sua vez, colaborou com o estúdio de design digital The Green Eyl. O resultado é uma escultura de luz, com feixes interativos que acompanham os movimentos do corpo humano.
A peça, como revela seu nome, espelha os movimentos do visitante em tempo real. Conforme o corpo se move, seus pontos-chave são captados pelos sensores de uma câmera de última geração. O software controla 15 luzes motorizadas que reagem ao movimento e projetam feixes precisos em uma tela a 15 metros de distância.
Por trás da aparente simplicidade da criação, há um complexo método científico. Ele reinterpreta um estudo do psicofísico sueco Gunnar Johansson, em 1973. Johansson posicionava luzes em diferentes pontos do corpo de atores, para em seguida registrar seus movimentos no escuro e analisar seus movimentos sem distração. Em outras palavras, a luz permitiria uma visão mais pura da dinâmica do corpo.
“Ao considerar a experiência, procuramos remover distrações estéticas. Queríamos estender essa compreensão essencial do movimento para preencher o túnel em Ventura Centrale com uma experiência que envolve todos os visitantes no espaço”, afirmou o designer Todd Bracher.
Raytrace
A instalação arquitetônica surgiu da colaboração entre o designer britânico Benjamim Hubert, fundador da agência criativa LAYER, e a marca de revestimentos Cosentino. Ao entrar nela, o visitante era hipnotizado pelas superfícies e tinha a sensação de estar debaixo d’água.
Apresentada no Fuorisalone, a produção transformou os túneis escuros dos armazéns históricos que ficam sob a estação de trem central de Milão. Foi criada uma passagem triangular de 25 metros de comprimento e 6 metros de altura.
Todas as superfícies foram revestidas em Dekton®, incluindo a linha Slim, com espessura de apenas 4 milímetros, que é um lançamento da Cosentino. O material ganhou um novo apelo e novas possibilidades, com a harmonia proposta entre a arquitetura, a luz e a água que ajudou a refletir o conjunto. As ondulações projetadas nas superfícies também produziam um efeito calmante.
Ao todo, foram utilizadas 29 esferas de vidro e 87 luzes LED. Um espelho em cada extremidade refletia a instalação, dando a impressão de um espaço infinito.
“A coisa mais importante sobre o Raytrace é como isso faz as pessoas se sentirem. Encorajamos as pessoas a tocá-lo, interagir e realmente experimentar as propriedades do Dekton®”, disse Benjamim Hubert.
Confira a cobertura completa da Milan Design Week 2019.