O Pavilhão Hãhãwpuá, como é referido o Pavilhão do Brasil nesta 60ª Bienal de Veneza, destaca-se pela exposição intitulada “Ka’a Pûera: Nós somos pássaros que andam“, que tem curadoria por Arissana Pataxó, Denilson Baniwa e Gustavo Caboco Wapichana. Esta exposição, cujo nome faz referência às áreas de mata em regeneração, destaca a produção artística e a resistência dos povos originários do Brasil.
A mostra destaca a força e a resiliência dos povos indígenas brasileiros, especialmente aqueles das regiões litorâneas, primeiros a serem deslocados em seu próprio território. Através de obras como “Okará Assojaba” de Glicéria Tupinambá, que narra a história dos mantos Tupinambá e sua luta por reconhecimento e repatriação, o pavilhão expõe a adaptação e a resistência frente às mudanças climáticas e à marginalização.
O título da exposição, além de evocar o renascimento das florestas após o desmatamento, também remete à capacidade de camuflagem e sobrevivência dos povos originários. Este renascimento cultural é ilustrado pela participação de artistas como Olinda Tupinambá e Ziel Karapotó, que exploram temas como a relação entre humanidade e natureza, a vigilância espiritual de Kaapora (que em Tupi significa “mata bonita”) e a luta pela preservação dos territórios indígenas.
A Bienal de Arte de Veneza deste ano, historicamente marcada pela escolha do primeiro curador sul-americano, Adriano Pedrosa, sob o tema “Estrangeiros em Todos os Lugares“, oferece um palco para discussões sobre desterritorialização, exclusão e violações de direitos. O Pavilhão do Brasil, ao dar voz a esses povos, destaca-se como um dos pontos altos do evento, celebrando a história e a resiliência daqueles que resistiram e protegeram os biomas por séculos.
Local: Pavilhão do Brasil (Pavilhão Hãhãwpuá)
Endereço: Giardini Napoleonici di Castello, Padiglione Brasile, 30122, Veneza, Itália
Data: 20 de abril a 24 de novembro de 2024