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Projeto ensina mulheres da periferia a construírem e reformarem suas casas

O projeto Arquitetura na Periferia visa a melhoria da moradia para as mulheres, por meio de um processo completo, que vai do planejamento à execução

Por Alex Alcantara
Atualizado em 17 fev 2020, 16h40 - Publicado em 7 mar 2019, 14h37

Cerca de 33 milhões de brasileiros não têm onde morar, segundo relatório do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos. Há seis anos, essa porcentagem era liderada pelos homens, sendo eles 80% do montante. Hoje, essa situação está equiparada, onde ocorreu um aumento de mulheres desabrigadas.

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Uma das causas que geram o aumento de mulheres na rua é a falta de políticas sociais para a problemática. Em outros casos, o aumento de 30% de violência contra mulheres, registrado em 2018, é um outro fator que leva à fuga de casa e a situação precária de vivência nas ruas.

(Reprodução/CASACOR)

Seja por conta de condições sociais ou financeiras, muitas dessas mulheres, querem recomeçar a vida, com independência e dignidade. E pensando na melhoria de vida dessas pessoas, um grupo de mulheres, com formação em arquitetura, criaram o projeto Arquitetura na Periferia, que compartilha conhecimento e atitude.

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(Reprodução/CASACOR)

Nascido de uma tese de mestrado da arquiteta Carina Guedes, o projeto funciona desde 2014, oferecendo capacitação em assistência técnica para mulheres em territórios com déficit de habitação e infraestrutura, como comunidades periféricas e ocupações.

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“Ao invés de oferecer um produto, buscamos favorecer a autonomia das participantes, ampliando sua capacidade de análise, discussão, prospecção, planejamento e cooperação”

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O projeto visa a melhoria da moradia para mulheres da periferia, por meio de um processo onde elas são apresentadas às práticas e às técnicas de projeto e planejamento de obras e recebem um microfinanciamento para que conduzam com autonomia e sem desperdícios as reformas de suas casas.

(Reprodução/CASACOR)

“Ao invés de oferecer um produto, buscamos favorecer a autonomia das participantes, ampliando sua capacidade de análise, discussão, prospecção, planejamento e cooperação, o que por fim leva a um aumento de sua autoestima e confiança”, explicam as embaixadoras do projeto. 

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(Reprodução/CASACOR)

As atividades do projeto são feitas em grupo, onde é possível que as participantes se ajudem, incentivem-se e criem os laços de relacionamento fundamentais para o bom andamento dos trabalhos, uma vez que todo o processo é feito na base da confiança mútua. Elas também recebem um empréstimo de uma pequena quantia de dinheiro para a compra de materiais de construção ou contratação de serviços para a realização das obras. O dinheiro que retorna após o pagamento das parcelas é aplicado em novos grupos dando continuidade ao projeto, criando um ciclo virtuoso. 

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(Reprodução/CASACOR)

A intenção também é colocar a mulher à frente de decisões que, prioritariamente, têm sido do homem. Já que é ela quem passa a maior parte do dia dentro do lar – na maioria dos casos – e sabe quais são as reais necessidades da casa, porque não capacitá-la para que tome as atitudes da reforma ou construção? Há também a solução do abuso de preço onde, por conta da ignorância no assunto, muitas mulheres são enganadas e cobradas a mais por serviços desnecessários.

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Reforma da casa de Cely Costa, beneficiada pelo projeto em 2017. (Reprodução/CASACOR)

O projeto vem para solucionar e melhorar a vida de milhares de mulheres, nas ruas e na periferia, começando com oficinas que duram de quatro até seis meses, onde se inicia com aulas de desenhos e croquis. Em seguida, elas aprendem noções básicas financeiras para lidar não somente com o pequeno empréstimo recebido, como também com as matemáticas de gastos corriqueiros e compra dos materiais de construção.

“Com o que vocês nos ensinam a gente consegue fazer a nossa casa do jeito que a gente sonha e conforme as nossas condições”, Cely Costa, moradora que foi beneficiada pelo projeto em 2017.

Desde 2015, o projeto tem sido executado por meio da Associação Arquitetas Sem Fronteiras – ASF Brasil, entidade que desenvolve diversas ações e projetos relacionados à produção do espaço urbano e rural junto à comunidades e movimentos sociais. No ano de 2018, com o crescimento do projeto, o Arquitetura na Periferia se institucionalizou através da criação do Instituto de Assessoria à Mulheres e Inovação, o IAMÍ, que pretende abrigar novos projetos que visem a equidade de gênero e o combate às desigualdades sociais. 

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Para ajudar e promover a continuidade deste projeto, você pode colaborar com doações, sejam elas monetárias ou de materiais de construção. Para isso, basta clicar aqui!

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