A nanotecnologia é uma promessa para todas as indústrias no século XXI. A arquitetura e a construção civil não ficarão de fora dessa revolução. O desenvolvimento de novos produtos a partir de partículas um bilhão de vezes menores que um metro já é uma realidade para o setor. Os nanomateriais, como são conhecidos, estão presentes desde a estrutura até nos acabamentos mais finos.
Nanoconcreto
Nanotubos de carbono misturados com cimento são a composição do nanoconcreto. O produto é três vezes mais resistente que o concreto comum e mais leve, deixando as estruturas menos densas, o que permite o trabalho em formas curvas. O material também promete estender a durabilidade da pigmentação. O arquiteto francês Jean Nouvel tem aplicado a tecnologia em seus projetos, como a torre de 31 andares La Marseillaise, no sul da França.
Nanopigmentação
A nanotecnologia aplicada às tintas já é uma técnica consolidada no mercado por reduzir a toxicidade e o custo dos produtos. As propriedades mecânicas dos pigmentos são alterados ao serem adicionados nanoaditivos como as nanofibras, melhorando a resistência, permeabilidade, aderência e recobrimento.
As nanopartículas de ouro, por exemplo, são comumente usadas para revestir de dourado obras sacras e artísticas, uma vez que na forma nano adquire tons que vão do vermelho ao violeta. Nanoestruturas em cristais fotônicos geram superfícies coloridas sem adição de qualquer pigmento.
O arquiteto paulistano João Armentano optou pela matéria-prima no painel de folhagens no hotel Wish, em Natal.
Revestimentos e Superfícies
A nanotecnologia também está relacionada à sustentabilidade quando aplicada em revestimentos de parede, por exemplo. Um edifício pode receber ou perder grandes quantidades de calor e iluminação natural pelas paredes. Chapas de policarbonato preenchidas de nanogel podem ser usadas em paredes e forros translúcidos em um novo tipo de sistema multicamadas. Além disso, a energia utilizada para extrudar chapas de policarbonato é geralmente uma pequena fração daquela para fabricar vidro.
As folhas de policarbonato também são duráveis (250 vezes mais resistentes ao impacto). São testadas para aguentar de -40 a 120ºC e podem resistir a condições mais extremas, como tempestades de vento, granizo ou neve. O nanogel isolante, que é usado para preencher as chapas de policarbonato, consiste em polímeros sintéticos ou biopolímeros que são quimicamente ou fisicamente reticulados para auxiliar na eficiência energética, o que pode garantir uma construção 50% mais eficiente energeticamente comparado a monocamada do vidro.
As superfícies de quartzo também foram transformadas pelas pequenas partículas. A tecnologia modificou as propriedades moleculares dos materiais inteligentes, dando origem a uma alteração na tensão superficial e, assim, eliminando a micro porosidade causada pelo processo de polimento e impedindo qualquer penetração de líquidos. O processo também alcança uma maior intensidade de cor e aumenta consideravelmente o nível de brilho.
Janelas eficientes e Energia Solar
Pesquisadores da Universidade de Princeton, constatando que janelas inteligentes poderiam economizar até 40% de energia, desenvolveram uma nova tecnologia que controla a quantidade de luz e calor que entra no edifício e é auto-alimentada por células solares transparentes na própria janela.
Uma técnica semelhante foi usada na torre desenhada por Agustin Otegui: o conceito baseia-se numa “pele” de componentes nanotecnológicos, turbinas fotovoltaicas minúsculas que, além de absorver CO2 da atmosfera, capturam as energias solar e eólica, repassando-as através de nanofibras dentro de nanofios.